Na Caminhada, de aldeia em aldeia, intervalando com florestas e montanhas
Cheguei a mais uma, igual a tantas outras.
Recebo as boas vindas de uma menina, semelhante a tantas mais.
Mas aqueles olhos despertaram em mim estas palavras:
-Olá! Bom Dia.
-Olááá!
-Como te chamas?
-Igaam e tu?
-Takeo Mojiro. Se eu te mostrar uma magia, indicas onde posso almoçar?
-Siiim! Mostra, Mostra!
Mostro-lhe a mão vazia, ao fechar levo-a à sua orelha, onde rapidamente iludo-a parecendo retirar uma moeda de ouro.
Ela dá uma alegre gargalhada.
-Faz outra vez! -Faaz!
-Só depois de mostrares onde posso almoçar?
-Vem, vem! A minha mãe faz uns bolos de arroz maravilhosos!
Acabando de engolir um bolo de arroz, e com já outro na mão
-Sabes, o q eu fiz não foi magia.
-Foi,Foi!!! Eu vi!
-Não, parece magia, mas não é. Chama-se ilusão! -Bastante mais simples e real. Eu, magia não sei fazer. Mas tu sabes!
-EU?
-Sim! E fazes todos os dias, várias vezes.
-Óh! Estás a brincar comigo, eu não sei!
-Nunca conheci um mágico que me ensinasse.
-Tu és mágico! -Ensinas-me?!
A magia não se aprende, nem se ensina. É como a respiração, tu respiras sem teres sido ensinada, contudo a todos os momentos não deixas de respirar.
-Mas isso não é magia!
-Ah é é! -Se não é magia, é o quê? -É uma das muitas magias que fazemos.
-Olha! -Sabes qual é a mais bonita e poderosa magia que fazes?
-não!
-Quando olhas para a tua mãe e ela te retribui; quando corres para o teu pai, lhe dás um beijinho e um abraço.
-Essas são das mais poderosas magias que podemos fazer.
-Mas isso não custa nada, eu amo os meus pais.
-Quem te disse que a magia era difícil?
-A magia não é difícil. -A dificuldade é dar-lhe valor material. Lá porque não te custa estar horas a dar abraços e beijinhos aos teus pais, lá porque não te esforças quando observas, todos os dias, os teus pais.
-A magia não é igual às outras coisas, não se mede em relação à sua dificuldade ou custo.
Mas sim quanto mais importante e mais simples. Quanto mais importante e mais simples for, mais magico é!
-Todo o resto é ilusão.
-É ilusório se está sol ou chuva, se não tiveres a quem dar abraços e olhares cúmplices.
-É ilusório as pessoas que pensas que conheces, se não sentes magia com eles.
-Olha! Sabes que mais?
-O quê? -O quê?
Estes bolos de arroz da tua mãe, ilusórios ou mágicos, só sei que são deliciosos...
A menina de olhos negros desata a rir, agarrando a barriguita.
Ao entrar de novo na floresta, vai ficando cada vez mais esbatida a cantiga:
-Eu sou Magica, eu sou magia.
-Mãmã, mãmã beijinho, beijinho…Papá, papá abracinho, abracinho.
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