sábado, dezembro 09, 2006

Conselhos aos principiantes


"Para exercer a meditação sentada, retirai-vos para um lugar tranquilo e concentrei-vos no exame do corpo-espírito, contemplai primeiro os cinco agregados (sklanda -a corporeidade, a sensação, a percepção, as projecções psíquicas, a consciência) e os sentidos: a vista, o ouvido, o cheiro, o paladar, o tacto e a mente (manas), mais as três imperfeições: a cobiça, a ignorância e o ódio, enfim o bem e o mal, os amigos e os inimigos. os santos e os pecadores. Examinai por isso todos os fenómenos. Desde a origem, tudo é vazio e tranquilo. Nunca nada é produzido, nunca nada é destruído. Tudo é um, sem dualidade. Desde a origem, nada existe, tudo é ser, tudo é puro e livre.
De dia e de noite, quer caminheis quer vos mantenhais imóveis, quer estejais sentados ou deitados, jamais abandonais esta contemplação e chegareis a compreender que não sois diferentes do reflexo da lua na água, da imagem no espelho, da vibração do ar em tempo de canícula, do eco no vale. (...)
Se verificardes que o vosso espírito está distraído, examinai de onde vem essa distracção. Afinal, ela não tem origem. Ela não provém de nenhuma das dez direcções do espaço e não vai para parte alguma. E o mesmo se aplica ás nossas fixações a tal ou tal situação, às nossas ilusões, aos nossos erros, às nossas especulações, às nossas ideias que vão e vêm.
Não percais isso de vista. Então, o vosso espírito apaziguar-se-á e não sereis mais vítima destes artifícios grosseiros. Quando o espírito se acalmar, os pensamentos não encontrarão mais onde se agarrar e , consoante o vossos karma, pouco a pouco, as vossas paixões dissipar-se-ão por si só.
Não voltando a criar karma, atingireis o que se chama de entrega."

In "OS Mestres Zen", Jacques Brosse

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